Antropologia do Consumo

Por Samantha Teixeira

Sinopse do Filme:
Uma família perfeita está de mudança. Ao chegar ao novo bairro, Kate (Demi Moore), Steve (David Duchovny), Mick (Ben Hollingsworth) e Jenn (Amber Hear) chamam a atenção dos vizinhos, sempre de forma muito positiva. Mas toda a perfeição desta família mascara um segredo: eles foram criados para compor uma estratégia de marketing de uma empresa que quer vender produtos de luxo para famílias de todo o mundo.
(Fonte:www.cineclick.com.br)
           

Trailer do Filme:

O hábito de consumir possui um significado cultural em suas práticas. Diversos autores como Veblen[1] (1965), Douglas (1978) e Rocha (1985),  defenderam a ideia de se entender o consumo como um grande sistema classificatório, ou ainda, um modo privilegiado de comunicação entre os indivíduos, que pode criar “barreias ou pontes” , aproximando ou afastando indivíduos e grupos – enfim, criando distinções, hierarquizando. O consumo é um discurso sobre as relações sociais, além de ser socialmente construído.
Estes conceitos de consumo podem ser observados no filme Amor por Contrato, pois em todo o filme vemos ser construído uma sociedade formada por pessoas que se espelham nas outras para determinar seu padrão de consumo, tendo preocupação de estar acima do padrão médio daquela comunidade em que vivem.
Isso é muito claro quando a agencia secreta de marketing usa como estratégia a  família Joneses para exibir frente aos outros indivíduos da comunidade o que possuem, e assim provocarem através da competição, característica do consumista, um aumento de vendas de produtos que eles utilizam.
Especificamente no casal Symondses podemos verificar uma “emulação pecuniária”, termo criado por Veblen para definir a atitude do indivíduo de querer um contínuo aumento de sua riqueza em relação aos outros, já que uma insatisfação crônica com o que se possui é estabelecida. Para eles, gastos honorários , supérfluos, acabam sendo vistos como mais indispensáveis que muitos gastos relacionados a atividades básicas. Para este casal, o que importa é o “consumo visível” e eles não medem esforços para cumprir aquilo que julgam ser o consumo ideal. Isso porque a todo tempo o que eles procuram é afirmação social frente a vizinhança que habitam.
Suas necessidades são construídas coletivamente a partir daquilo que a família Joneses possui, importa muito para eles a competição, a necessidade de comparação com esta família. Porém, todo esse consumo não trás bons resultados para esta família, pois Larry Symondses, o marido, devido a toda pressão de viver em um ambiente criado por bens que não poderia obter, acaba se matando.
Concluo com afirmações de um estudo de Veblen que mostrou que a sociedade ocidental moderna pode e deve ser entendida a partir da ótica do consumo, pois é a que se reconhece o modo pelo qual a sociedade se classifica, se distingue e se comunica. O consumo é posto como expressão de status e como fenômeno capaz de construir uma estrutura de diferenças.


[1] Veblen, Thorstein Bunde (30 de julho de 1857 - 3 de agosto de 1929) foi um economista e sociólogo estadunidense. Sua obra mais famosa é The Theory of the Leisure Class, na qual Veblen analisou a estrutura econômica de sua época desde a ótica do darwinismo, e criticou a ostentação das classes mais favorecidas. Por sua ênfase nos usos e costumes sociais como fenômenos explicativos da atividade econômica, ele é considerado o fundador da economia institucionaldo pensamento econômico.

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